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O jornalista George Hogg sente na pele as atrocidades da guerra
Crédito: divulgação

 

Nacionalistas e comunistas, por uma questão ideológica, iniciaram a Guerra Civil Chinesa em 1927. Dois anos depois, em 1930, o Japão invadiu o país vizinho e ocupou a maior parte do seu território.  A capital da época, Nanquim, foi alvo de ataques japoneses iniciados em 1937. A atmosfera sangrenta e caótica de qualquer guerra pairou sobre a cidade que ficava a poucas horas de Xangai.  A guerra não declarada por parte dos japoneses durou 12 anos. Autoridades japonesas proibiam a presença de jornalistas, fotógrafos e qualquer “informante” em Nanquim. Jornalistas do mundo todo tentavam ingressar no terror para mostrar ao mundo, que até o momento, não sabia o que acontecia por ali.

É neste cenário que é contada a história de George Hogg, jornalista que cresceu na pequena cidade de Harpenden, na Inglaterra.  Sua família é conhecida por suas ações pacifistas. Sua tia, Muriel Lester chegou a ter contato com Ghandi.

O filme As Crianças de Huang Shi ou Órfãos da Guerra (2008) aborda a história desse corajoso jornalista sob o contexto da Guerra Civil Chinesa.  Dirigido por Roger Spottiswoode, o personagem de Georg Hogg é interpretado por Jonathan Rhys Meyes.

O intuito de Georg era captar as atrocidades e o caos que ocorria em Nanquim e mostrar para o mundo. Ir para a linha de frente e revelar as ações das tropas japonesas, que até controlar o tempo tentaram, já que impuseram o horário de Tóquio nas cidades invadidas e alegavam estar apenas ajudando. Ao conseguir chegar escondido à capital chinesa, George alcança seu objetivo: registra massacres, construções destruídas, pessoas feridas e muitos mortos. Corpos amontoados, vidas e histórias massacradas por interesses políticos estavam registradas no negativo de sua câmera compacta.   No entanto, com toda sua inexperiência, ele é capturado e quase morto, sendo salvo por um guerrilheiro comunista que o encaminha para a cidade de Huang Shi;

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No meio do conflito, surgem as crianças de Huang Shi

Na cidade desconhecida, Hogg se hospeda em um orfanato onde apenas há crianças e adolescentes. O acadêmico se espanta com o modo de vida das crianças: todas são agressivas e carregam grandes traumas consigo. Frustrado e desapontado, George reluta em permanecer ali, já que seu maior objetivo era mostrar a linha de frente da guerra. Porém, passa a perceber que ali era a guerra. Órfãos que viram seus pais mortos, suas mães serem estupradas e seus irmãos sendo decapitados. Falta de comida, epidemias de piolho e doenças.  Com seu olhar humano, começa a perceber que precisa ficar ali.

Assim, começa a transformação dos seres e do espaço.  O ambiente hostil é melhorado e o espírito comunitário ganha força. Ele conta com a ajuda da enfermeira Lee Pearson que corresponde com a personagem real Rewi Alley. Correndo o risco de serem recrutadas para as tropas nacionalistas, as crianças foram levadas para centenas de quilômetros de Huang Shi. Uma viagem difícil, com grandes obstáculos e que não obteria sucesso sem a perspicácia de George, a enfermeira Pearson e seu amigo guerrilheiro.

O filme mostra claramente como a criação de câmeras compactas ajudaram na profissão jornalística. Logo nas primeiras cenas, Hogg registra tudo em sua volta, o que não seria possível com os antigos modelos de câmeras fotográficas. De forma humana, o filme explora a população civil na guerra. Spottiswoode mostra que mesmo em tempos de escuridão o sol também se levanta.