Autora: Natália Cabral da Silva Ranhel
Esta pesquisa visa compreender e analisar a influência das imagens das musas fitness divulgadas pelas redes sociais digitais, com foco no Instagram, como forma de inspiração e distorção da visão de corpo da mulher brasileira na sociedade contemporânea. A proposta também trata de entender como se dá a construção desta imagem manipulada por ferramentas como o Photoshop, bem como perceber quais conceitos de estética e comportamento são criados por meio destas imagens. Contaremos com apoio de pesquisadores como Simone de Beauvoir, Naomi Wolf, Mary del Priore, Christopher Lasch, Raquel Recuero e Alex Primo. A metodologia consiste no estudo teórico dos autores acima citados, na observação de perfis de musas fitness selecionadas através da pesquisa sobre influenciadores digitais do Instituto Qualibest, da produção de fotografias com base nesta observação e na análise das mesmas tendo como suporte o conteúdo teórico. Com isso, percebe-se como a imagem produzida da mulher se baseia em padrões pré-estabelecidos, mas ainda assim as influencia a manter comportamentos e estilos de vida que perpetuem a estética desejada.
Autora: Gabriela Bariani Colicigno
Esse trabalho tem por objetivo entender como as mulheres se identificam como nerds, a partir de uma pesquisa feita no grupo do Facebook chamado MinasNerds. Busca-se investigar o percurso da identidade nerd nas últimas décadas, para entender quando ela surgiu e como se deu seu processo de ressignificação, e como as mulheres se inserem dentro desse grupo social, além de quais as diferenças que elas enfrentam ao se identificarem como nerds, de forma a contribuir com os estudos de comunicação sobre mulheres dentro deste grupo social. Também procura-se entender as relações entre consumo, identidade e imagem dentro da cultura pop. O trabalho é dividido em três capítulos, sendo que o primeiro trata da questão da identidade nerd, baseando-se em autores como Stuart Hall, Zigmunt Bauman e Katherine Woodward para falar de identidade, e Patrícia Matos, David Anderegg e Lori Kendall para falar especificamente sobre os nerds. O segundo explora a questão das mulheres como nerds, além de trazer uma análise da organização do grupo MinasNerds, tendo como base Lori Kendall e Sonnet Robinson na primeira parte, e Raquel Recuero, Alex Primo e Marcos Dantas para falar sobre a organização nas redes sociais. Ambos os capítulos se baseiam principalmente em uma pesquisa bibliográfica. Já o terceiro capítulo conta com uma análise de um questionário feito com as participantes do MinasNerds, que recebeu 350 respostas, além de fotografias enviadas por sete mulheres do grupo, colhidas em um diário de imagens para entender o que elas consideram que as torna nerds aos olhos das outras pessoas, usando os autores dos dois primeiros capítulos e os articulando com o conceito de Sociedade do Espetáculo de Guy Debord. Diante disso, o trabalho levanta a hipótese de que as mulheres que se identificam como nerds sofrem preconceitos e assédios dentro do grupo social, além de terem mais dificuldade de serem reconhecidas como parte dele do que os homens.
Autora: Eloisa Benvenutti de Andrade
Eloisa Benvenutti de Andrade, professora de Filosofia da Cásper, é pós-doutoranda na Unesp e pesquisa a relação entre mulher e filosofia a partir das ideias de imaginário filosófico – conceito desenvolvido por Michèle Le Doeuff – e principalmente da ideia da mulher como segundo sexo – conceito trabalhado por Simone de Beauvoir. A ideia é problematizar o lugar e o papel do feminino no mundo,“em situação”, e no mundo do conhecimento, especificamente na História da Filosofia. A ideia central é investigar como a imagem da mulher se constitui por um discurso masculino que se pretende absoluto e universal, e como este discurso permanece no plano de uma ideia abstrata de ser, o que sacrifica sua realidade concreta. Recentemente, Eloisa escreveu o artigo “O feminino na História da Filosofia: do imaginário filosófico à autenticidade da mulher em Simone de Beauvoir”, publicado na Revista Ipseitas da UFSCar para o Dossiê Especial sobre Simone de Beauvoir.
Reportagem por: Camila Yunes e Maria Cecília Eduardo
Autora: Vivyane Garberlini, mestre pela Cásper
Esta dissertação busca compreender de que maneira a revista Elle Brasil constrói um discurso feminista, utilizando as bases do pensamento de Michel Foucault na investigação. O referencial teórico ancora-se nos estudos sobre imprensa feminina brasileira realizados por Dulcília Buitoni e nas construções/desconstruções de Judith Butler em Problemas de Gênero. Partindo do conceito de Sociedade do Espetáculo de Guy Debord, investiga-se como as vozes feministas se revelam em um contexto capitalista de espetacularização. O sociólogo Zigmunt Bauman ampara a pesquisa com sua metáfora de Modernidade Líquida e suas reflexões sobre a ética no mundo dos consumidores. Em um primeiro momento, retomam-se fatos históricos da imprensa feminina e imprensa feminista brasileira, relembrando importantes nomes de mulheres e veículos de comunicação dos séculos XIX, XX e XXI. No segundo momento focaliza-se Elle, passando pela publicação francesa e partindo para a primeira edição brasileira, de 1988. A partir desse histórico, analisam-se três números da versão nacional que expressam a palavra “feminismo” e que foram publicados entre 2010 e 2015, período correspondente ao recorte metodológico da pesquisa. Adicionalmente, analisam-se cinco números que complementam a investigação, uma vez que tratam de temas relacionados a padrão de beleza, identidade de gênero e representatividade – sendo esses temas fundamentais no debate feminista. O terceiro momento dedica-se exclusivamente à edição “Especial Moda e Feminismo”, de Dezembro/2015, na qual está contido um Manifesto Feminista. A análise permitiu formular que, de maneira geral, a revista abordou o assunto, mas não o manteve enquanto temática central na linha editorial. Ainda que tenha cedido espaço para vozes de diferentes vertentes feministas, a maioria dos materiais relacionados ao Feminismo o mantem próximo do ideário neoliberal e intimamente ligado ao consumo.
Projeto por: Ana Flávia Fanelli e Giulia Sales
O projeto “Querido Corpo” é um portal de conteúdo online que trata sobre transtornos alimentares (TAs), doenças ligadas à autoimagem, que atingem mais as mulheres, como anorexia e bulimia. O material é dividido em diferentes áreas e formatos. O site reúne entrevistas com informações médicas e relatos de superação e de recuperação do afeto pela alimentação, além de disponibilizar acesso a grupos de apoios gratuitos e especializados em distúrbios alimentares.
Projeto por: Victoria Fernandes, Manuela Borchardt e Letícia Zanaroli
A Agência Loup foi criada como projeto experimental para o trabalho de conclusão de curso de Publicidade e Propaganda. O cliente escolhido para o trabalho foi a marca Herself, que trabalha com calcinhas, biquínis e maiôs absorventes, buscando uma forma de dar um novo significado à menstruação para as mulheres.
Autora: Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Esta dissertação estuda as imbricações entre política e afeto, destacando o gênero nessa relação a partir da captação de entrevistas com as doze vereadoras em exercício na Região Metropolitana de Campinas até 2016. Para analisar as entrevistas, o método qualitativo admite a perspectiva afetiva para articular os principais temas levantados no trabalho. Além disso, dados secundários foram coletados mediante netnografia e confrontados com o referencial teórico que sugere a extensão da participação política para a internet. O afeto é, portanto,uma questão transversal que percorre este trabalho. Figura como parte da construção histórica da figura feminina, naturalizada no sentido de indicá-la como alguém propensa à “vivência doméstica” e “experiência maternal”. O afeto também aparece nos comportamentos de alteridade ou repreensão, pautados em preconceitos e inclinações, das pessoas perante formações estereotipadas das identidades femininas no campo político, bem como nos processos midiáticos, a partir da apropriação da arte pela mídia ou da adoção do espetáculo pela política para angariar visibilidade. A apresentação da política, neste cenário, parece seguir uma orientação mercadológica da mídia, distanciando-a da possibilidade de culminar uma cultura politicamente crítica. O que Sodré (2006) chama de “estratégias sensíveis” utilizadas na política não incitam necessariamente uma racionalidade, mas promovem sensibilizações que beneficiam a imagem política do candidato. No tocante à questão de gênero, algumas diferenciações na visibilidade midiática de ambos os sexos sugere a permanência da desigualdade sob a forma de cisões no meio político. O recorte empírico
investiga as incidências dessas diferenciações na experiência das vereadoras da Região Metropolitana de Campinas. Para tanto, foram realizadas nove entrevistas e verificado perfis online dessas políticas. Segundo as falas obtidas, essas mulheres se defrontam com discriminações sutis nas câmaras
interioranas cujo ambiente é predominantemente masculino. O preconceito manifesta-se sob a forma de piadas e brincadeiras de mau gosto. Outras formas de minar o comportamento feminino na política vão de encontro com requisitos de vestuário, toque como divisor das relações sociais e da postura
firme que as mulheres devem tomar, enquanto representantes políticas, para aproximar sua imagem da identidade pretensiosamente masculina de autoridade. A dimensão afetiva também pode ser voltada para ganhos de visibilidade na internet mediante postagens com elementos pessoais. Ou seja, na
internet essas vereadoras buscam alimentar seus perfis com conteúdo considerado “leve”, promovendo ganhos de visibilidade a partir dos elementos pessoais embutidos nessas postagens. Com isso, a política não assume as ferramentas da democracia digital para compartilhar informações ou decisões
políticas, ou seja, as ferramentas online perdem politicidade ao mesmo tempo que refletem a deficiente relação candidato-eleitor incrustrada na cultura brasileira. As vereadoras ressaltam, por fim, o ônus da carreira política e o impacto dessa na sua privacidade, que é invadida até mesmo nas redes socias
voltadas para manutenção de contatos íntimos. Na internet, as vereadoras podem sofrer ataques verbais, desencorajando a exposição de posicionamentos políticos em seus perfis online. As resistências são identificadas em ambos os lados. O estudo finalmente considera que a comunicação, enquanto vinculação e veiculação, deve ser tratada com maior comprometimento pela sociedade, voltando esforços para promover o sentimento de comunhão com maior responsabilidade.