De Artes Cênicas a Letras e de Língua Portuguesa ao Jornalismo, conheça a odisseia acadêmica do professor Welington Andrade, que ministra Jornalismo Cultural na pós-graduação.
Por Alana Claro, do 2° ano de Jornalismo
Doutor (2006) e mestre (2001) em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (USP), graduado em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UniRio (1987) e em Letras, com habilitação em Português, também pela USP (1992), Welington Andrade é professor da Faculdade Cásper Líbero desde 1997 e um aficionado por teatro, literatura e artes, de modo geral. Atualmente, ministra também o curso de Jornalismo Cultural na especialização da Cásper.
A carreira acadêmica de Andrade envolve alguns lances teatrais, muito semelhantes ao seu fascínio pelos palcos. Aos 17 anos, entrou na UniRio em Artes Cênicas com o desejo de ser ator. Conforme o curso foi evoluindo, acabou se dedicando mais à teoria, afinal amava refletir sobre o teatro. No Rio, Welington foi aluno da renomada tradutora e crítica Bárbara Heliodora, com quem estudou as peças de Shakespeare e a tragédia grega. “Foi um grande divisor de águas, porque eu vi que queria trabalhar com obras que tivessem essa dimensão. Por isso foi natural iniciar logo Letras na USP”, afirma.
Em 1986, ao final de sua primeira graduação, ele veio para São Paulo, onde trabalhou no Sesc Pompeia como programador cultural. No ano seguinte, foi na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP que entrou em contato com as aulas do Prof. João Roberto Faria, um especialista em teatro do século XIX, mas que ministrava também um curso sobre a dramaturgia de Nelson Rodrigues.
Ao terminar a graduação, Andrade desenvolveu por quase dois anos um projeto de mestrado em Teatro na Educação, na Faculdade de Educação da USP. Todavia seu interesse por literatura falou mais alto, e ele acabou transferindo-se para a área da Literatura Brasileira, na FFLCH-USP, sob a orientação de João Roberto. Em seu trabalho, O livro de Jó, de Luís Alberto de Abreu: mito e invenção dramática, ele estudou o “Livro de Jó”, peça do dramaturgo Luís Alberto de Abreu, e a comparou com sua matriz bíblica.
Assim como fez com as graduações, Welington se debruçou sobre o doutorado meses depois de se tornar mestre. Dessa vez, seu tema foi a dramaturgia da contracultura, com enfoque para os anos 1960 e 1970 nos Estados Unidos, Brasil e Europa. Batizado de Contestação e desvario: tentativas de experimentação do drama brasileiro pós-68, o projeto acabou se transformando em um dos capítulos da História do Teatro Brasileiro, coleção em dois volumes que os professores João Roberto Faria e Jacob Guinsburg organizaram para a editora Perspectiva em parceria com as Edições Sesc-SP.
Atuando na graduação em Jornalismo da Cásper Líbero há 18 anos, Welington é docente na pós-graduação desde 2011 e costuma receber uma avaliação muito positiva por parte dos alunos. Ele tem um bom embasamento teórico e prático na profissão, fruto do interesse em aliar as áreas das Letras, das Artes Cênicas, da Cultura e da Educação, além de cultivar uma curiosidade insaciável por tudo o que diga respeito ao mundo da Comunicação. Seu curso de Jornalismo Cultural é dividido em duas partes; a primeira, de natureza teórica, visa debater questões como identidade brasileira, pós-modernidade e política cultural; no módulo seguinte, a prática é aplicada na revista Arruaça, um veículo experimental no qual os alunos fazem reportagens, produzem perfis e realizam entrevistas. Segundo Andrade, sua meta como docente é levar o jornalista em formação a fugir do convencional, razão pela qual evita “notinhas” e pautas muito previsíveis.
Além da especialização, Welington é também professor da graduação em Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, ministrando Língua Portuguesa para os 2ºs anos e Técnica de Redação para os 3ºs. Entre 2003 e 2006, ele foi coordenador do curso de Jornalismo da Cásper; depois, de março de 2007 a fevereiro de 2015, exerceu o cargo de vice-diretor da Faculdade.
Paralelamente à vida acadêmica, o professor trabalha como crítico de teatro da revista Cult, participando também de comissões de seleção e avaliação de projetos culturais na Secretara de Estado da Cultura de São Paulo. No início de 2015, coube a ele uma nobre tarefa: entregar ao diretor José Celso Martinez Corrêa, em cerimônia ocorrida no Teatro São Pedro, o Prêmio Governador do Estado de São Paulo, na categoria Teatro. De fala muito rápida e mostrando quase sempre uma energia vibrante, Welington já desfilou no Carnaval carioca e paulista em escolas como a Vila Isabel e a Acadêmicos do Tucuruvi. Mas, seu porto seguro não está na agitação da avenida. Ele o encontra na leitura dos grandes clássicos da literatura, de Homero a Beckett, sobre os quais gosta de conversar, acompanhado de uma risada melodiosa e de piadas inteligentes.