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Edição nº zero – 2013

Carismático, jovial e dono de um estilo intelectual um tanto quanto excêntrico e de um humor bastante irônico, Alexandre Dal Farra é músico erudito, filósofo, dramaturgo, diretor e romancista. Paulistano, pai de dois filhos, ele tem origens familiares ligadas à medicina, ao teatro e à música. Um pouco por acaso, após se exercitar na direção musical, acabou enveredando pela dramaturgia, onde encontrou uma espécie de dom. Atualmente, Alexandre é dramaturgo do grupo Tablado de Arruar, da Cooperativa Paulista de Teatro, no qual também exerce as funções de encenador e diretor musical.

Arruaça: Em que medida as leis de fomento à cultura incentivam o teatro?

Alexandre: Eu sou um entusiasta da Lei de Fomento, sou uma espécie de cria dela. A Lei traz a possibilidade de um desenvolvimento do trabalho artístico muito grande, uma estrutura incrível. Até desproporcional de certa forma. Ela indiretamente acaba ajudando os grupos mais antigos também, como o Vertigem, o Latão, o Oficina… O Tablado de Arruar é da primeira geração, vamos dizer assim, da Lei de Fomento, de 2001. Um pouquinho antes… surgiram a Companhia São Jorge de Variedades, o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, o Grupo XIX de Teatro. Vários grupos aí. Você vê, a poética que o XIX desenvolve e a que o Tablado desenvolve… ambas muito diferentes entre si. A lei cria uma produção artística incrível; uma injeção de capital na criação artística teatral. Só que não é tão simples. O teatro precisa também de outras coisas: de público e minimamente de uma mediação entre a produção e o público. Talvez a mediação seja uma decorrência da injeção de capital, mas o público, não. O público não se cria dessa forma… isso a gente vê na prática. O público não acompanha a efervescência. Você injeta capital na produção artística e isso não gera, como se poderia imaginar, por decorrência, um público.

Arruaça: Seu romance “Manual da destruição” está intimamente ligado às manifestações de junho?

Alexandre: Não, eu acredito que não. Esse não foi o ponto de partida delas. No dia em que lancei o livro, houve a primeira “porradaria” com a polícia, mas creio que esse fato tenha sido irrelevante, embora houvesse ali uma efervescência do destrutivo. E eu veja isso na penetração do livro. Eu vejo que muita gente lê e identifica nele as ocorrências de junho. As pessoas falaram em crise de representação. Eu não sei se é isso. Alguma coisa de uma consciência de que está tudo muito errado e de que isso não muda. O caminho para mudar não sei qual é, mas isso começa a gerar violência…

Arruaça: Há uma presença da estética beatnik em sua obra?

Alexandre: Creio que não, nunca li nada deles. Eu vou pelo ritmo mesmo, influenciado pela música. Eu não sei direito tecnicamente o que é que rola. Eu vou pela camada da linguagem em si, sabe? As palavras e o ritmo daquilo. Ponto, vírgula, tal. O que o Ricardo Lísias cita na orelha do livro achei que tem muito a ver. Ele sacou umas coisas que são caras pra mim: Dostoiévski, Thomas Bernhard… Eu gosto muito de Dostoievski. Acho que é o escritor que eu mais gosto de ler.

Arruaça: Quais são seus próximos projetos?

Alexandre: Estou desenvolvendo com o Tablado de Arruar uma nova peça, Abnegação. Já terminei o texto. Estamos ensaiando e devemos estrear no início de 2014. É uma continuidade do que eu estava procurando em Mateus, 10. Só que é uma peça mais radical nesse sentido de linguagens, mais violenta. E o tema, de certa forma, se mantém cabeludo, do tipo que eu gosto.

 

 

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