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Edição nº zero – 2013

Uma rua, nua e crua: a obra de arte que eu decidi abordar aqui na Arruaça. O trocadilho com o nome da revista veio depois da ideia da coluna. Quando fui pesquisar sobre o sufixo verbal “açar”, descobri que ele exprime a ideia de intensificação, me senti presenteado! E a primeira rua que decidi intensificar a expressão cultural e artística que ela exerce sobre a cidade, que me perdoMe os alternativos, mas, por predileção, caí no clichê: Paulista, que não é rua, é avenida, mas não permitirei que nomes de logradouros estraguem o meu trocadilho, portanto, ruas, avenidas e vielas serão “açadas” nessa coluna!

Na arquitetura, a Avenida Paulista é uma espécie de museu com 2,8 km de extensão, com estilos arquitetônicos de períodos e lugares diversos, que vai do classicismo francês presente na Casa das Rosas, concebida em 1928 por Ramos de Azevedo, até o modernismo do MASP (Museu de Arte de São Paulo), inaugurado em 1968, com o seu fantástico vão livre. Neste vão, além da liberdade de vigas de concreto, a liberdade de expressão se faz presente e recorrente: grande parte das manifestações populares de cunhos diversos tem o MASP como ponto de encontro e/ou partida.

A Paulista também é um grande ponto de encontro de tribos urbanas. A diversidade é uma característica latente e diária, não somente no dia da tradicional Parada GLBT, um dos eventos anuais celebrados ali, como o réveillon e a Corrida de São Silvestre. Tal pluralidade, por vezes, acaba transformando a avenida em palco de lamentáveis confrontos entre seres humanos alienados às suas singularidades, mas, por outro lado, há uma fricção admirável na Paulista: a presença de um pedaço de mata atlântica preservada no meio deste corredor frenético: o Parque Trianon.

O cinema cult está em cartaz na Avenida Paulista no aconchegante Reserva Cultural e no Cine Livraria Cultura, que leva o nome da maior livraria da América Latina, outra importante moradora da avenida. Falando em literatura, a poesia é a especialidade da já citada Casa das Rosas e o teatro pode ser conferido a ingressos pagos no Teatro Gazeta e gratuitamente no Sesi. Museu há um só, o MASP, mas as exposições são várias, espalhadas pelos diversos centros culturais.

Assim como eu comecei este texto, irei encerrá-lo: com um trocadilho, desta vez com um humor questionável. Trata-se de uma piadinha infame que compara a Avenida Paulista a um casamento que começa no Paraíso e termina na Consolação (estação de metrô e avenida de São Paulo, respectivamente). É apenas um trocadilho bobo e que não traduz a realidade deste coração da cidade de São Paulo, pois a Paulista não tem um começo e nem um fim, ela tem uma sucessão de convites a novos começos e recomeços.