INSCRIÇÕES ABERTAS PARA O VESTIBULAR 2024.2 Fechar

Por Ana Luiza Sanfilippo, estagiária do Núcleo de Mídias Digitais

No início de fevereiro deste ano, imagens sexualmente explícitas da cantora pop Taylor Swift geradas por inteligência artificial viralizaram na internet. Só no aplicativo X, as fotos chegaram a ter mais de 47 milhões de visualizações, com muitos usuários acreditando na desinformação que estava sendo espalhada. Assim como o caso de Taylor, várias pessoas são vítimas das deepfakes, não somente para conteúdos pornográficos, mas também com o intuito de disseminar informações falsas.

O uso desses recursos tecnológicos é bem polêmico. Desde o ChatGPT até aplicativos que criam imagens ou vídeos, profissionais de diversas áreas se sentem desconfortáveis com a utilização desses programas. Entretanto, para os jornalistas, há várias questões que entram em pauta. O primeiro ponto é a substituição dos comunicadores pelas inteligências artificiais para a realização de textos, criação de pautas ou edição. Segundamente, e o mais discutido, é a forma como as IAs podem estar relacionadas com a desinformação.

O que é inteligência artificial?

De maneira geral, as inteligências artificiais são mecanismos tecnológicos programados para executar funções de forma autônoma e mais rápida. Um exemplo de IA é o ChatGPT, que ficou bem conhecido em 2023 pela capacidade de responder perguntas, criar textos, fazer revisões ortográficas entre outros recursos.

Ele responde o que você quiser que esteja ao alcance de sua programação. Foi desenvolvido pela empresa OpenAI e se leva esse nome pois “chat” se refere ao chatbot e “GPT” significa Generative Pre-trained Transformer (Transformador pré-treinado generativo).

Assim como ele, existem diversos tipos de inteligências artificiais, desenvolvidas por diferentes empresas e com intuitos diferentes. A plataforma que utilizaram para criar deepfakes sobre a Taylor Swift era voltada para a criação de imagens.

O que são deepfakes?

A deepfake é uma notícia falsa criada por meio de inteligência artificial. Ellen Nogueira, diretora de jornalismo da CNN, mestre em comunicação e especializada em economia e professora da pós-graduação da Cásper Líbero explica:

A deepfake é uma forma de alteração de vídeo ou foto, com a ajuda de inteligência artificial, em que rostos de pessoas são modificados e trocados. Assim, é possível incluir em uma cena uma pessoa que nunca esteve ou nunca participou dela. A voz é também colocada por inteligência artificial, o que faz com que pareça que a pessoa realmente está participando do vídeo ou foto. O perigo disso é a manipulação e a difamação.

A prática de alterar fotos existe há muitos anos. Na era stalinista, por exemplo, ocorreram várias manipulações de imagens veiculadas nos jornais da época.

Apagados da História: a fotomanipulação da Era Stalin

(Reprodução: Aventuras na História)

Porém, o termo deepfake é mais atual. Segundo a professora Ellen, começou a ser usado em 2017, já com as redes sociais, quando começou-se a mapear rostos das pessoas com o intuito de modificá-los. O maior objetivo eram as fake news, principalmente relacionadas às eleições.

Deepfakes e comunicação

Como dito anteriormente, a comunicação e as inteligências artificiais tendem a se estranhar. Partindo do princípio de que as IAs estão envolvidas na sociedade como um todo, como os comunicadores podem lidar com essa tendência? Principalmente com o jornalismo, a melhor alternativa de evitar a deepfake é a apuração, do mesmo jeito que se faz com as fake news. É preciso sempre conferir, desconfiar, estar seguro de ouvir os lados envolvidos antes de publicar.

Sobre a relação entre o jornalismo e a inteligência artificial, Ellen Nogueira comenta:

 

Como toda nova tecnologia, ela traz os dois lados e é preciso saber usá-la. A IA é aliada para tarefas mecânicas, como tradução e pesquisa, mas sempre com um jornalista à frente fazendo a conferência. Ela pode ajudar em recursos gráficos em cenários, arte e reportagens, dando agilidade ao trabalho. Mas a IA também pode ser o principal ingrediente das fake news ou pode pegar trabalhos de outros jornalistas como base para matérias consideradas “novas”. É preciso saber usar a ferramenta, sempre aliada ao jornalista profissional.

Como combater casos de deepfake?

O combate às deepfakes é motivo de debate. Qual é o limite da criação de imagens? É necessário a regulamentação desses recursos para que esse tipo de situação se resolva mais facilmente. A Profª. Ellen diz que aqui no Brasil, por exemplo, o Tribunal Superior Eleitoral terá um núcleo de combate a fake news, focado em IA e deepfake nas eleições deste ano. Tivemos recentemente na Indonésia um ditador “ressuscitado” em um vídeo fazendo um discurso. Não saber mais o que é real é o maior perigo de manipulação.

A Faculdade Cásper Líbero oferece pós-graduação em Jornalismo em Plataformas Digitais. O curso tem como objetivo aprofundar seus conhecimentos sobre planejar, produzir, obter métricas e avaliar retorno de conteúdo jornalístico em diversas plataformas digitais. Saiba mais sobre a especialização e inscreva-se.