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Por Lucas Gama, estagiário do Núcleo de Mídias Digitais

 

Os meios de comunicação no ambiente digital estão em constante mudança, com a necessidade de estratégias para alcançar um número maior de público e, às vezes, tendo que abrir mão da informação transparente e isenta. Sendo assim, os estudos da educomunicação, educação midiática e mídia educação são necessários cada vez mais para a prática da profissão.  

Nesse sentido, especialistas na área da comunicação e educação explicam os desafios para fortalecer o elo entre os campos, adaptando-se às novas interfaces. A roda de conversa, organizada pela Prof.ª. Dra. Marli dos Santos, coordenadora da pós-graduação, contou com a mediação da Prof.ª Ma. Ana Claudia Braun, mestre em comunicação e docente de pós-graduação na Cásper Líbero.

Mídia-Educação, educomunicação e educação midiática

A preocupação manifestada pelos participantes da roda de conversa trouxe as dimensões da ética nas práticas comunicacionais e jornalísticas, a leitura crítica da mídia e o acesso às tecnologias digitais. Essas são condições para o futuro da comunicação democrática e transparente, além da regulação das plataformas digitais. Os estudos da mídia-educação, educomunicação e educação midiática são necessários para essa mudança.

Antes de entender os desafios entre a comunicação e educação, é necessário abordar brevemente as inter-relações das áreas. A Prof.ª Monica Caprino, doutora em Comunicação, define que a mídia-educação está relacionada ao papel de educadores e também das escolas na formação de sujeitos críticos, com acesso aos meios e às tecnologias de comunicação e informação.

Propondo novos tipos de aprendizagem, a educomunicação consiste na relação estabelecida entre educação e comunicação, tentando aproximá-las, utilizando a mídia na educação e sendo parte fundamental do ensino. Sendo assim, a educomunicação propõe áreas que envolvem práticas e produção de conteúdo, análise crítica, reflexão e gestão de processos.

Por outro lado, a educação midiática, pode ser conhecida como uma “alfabetização midiática”. O método é uma maneira de desenvolver um olhar reflexivo sobre como os meios de comunicação transmitem mensagens e sobre o funcionamento de tecnologias. Desse modo, é desenvolvida a análise crítica que prepara o indivíduo para viver na sociedade da informação. 

Participando da roda de conversa, o Prof. Matheus Cestari Cunha, jornalista e mestre pela Faculdade Cásper Líbero e que lançou recentemente o livro “Das competências às mediações: o presente e o futuro da Educação Midiática”, explicou que as vertentes desse campo interdisciplinar são complementares. Em outras palavras, o profissional de cada área precisaria unificar o trabalho para acelerar o processo de aprendizagem.  

Desafios e novas perspectivas da comunicação e educação

O mercado de trabalho do jornalismo está com crescente número de veículos de comunicação ativos, sendo diversos deles autônomos. Conforme estratégia adotada, acaba visando apenas que precisam alcançar um grande público para se manterem rentáveis. A Prof.ª Maria Elisabete Antonioli, doutora em Ciências da Comunicação, defende a união do jornalismo com a educação. A professora acredita que “precisa de mais envolvimento dos jornalistas e educadores, um desafio que os dois precisam enfrentar juntos”. Coordenadora de jornalismo na ESPM, ela entende que promover ações para combater desinformações enquanto houver cidadãos acríticos será muito difícil: “para que possamos chegar nos jornalistas, seria interessante a aplicação da educação midiática na grade curricular”. 

A pesquisa de pós-doutorado em Comunicação Social, realizada em 2015 pela Prof.ª Dra. Mônica, na Universitat Autònoma de Barcelona (Espanha), teve como objetivo encontrar iniciativas de educação não formal, ligados às organizações não governamentais no Brasil. Foram identificados 240 projetos no país, que de alguma maneira abordam o tema mídia-educação. Segundo a professora, um número relativamente grande. Os projetos abordavam ensinar leitura crítica da mídia, análise da grande imprensa, compreensão crítica, projetos de produção de vídeos, etc.

Pensando em minimizar a desinformação, a Dra. Maria Elisabete realizou uma pesquisa que foi publicada na revista “Comunicação, Mídia e Consumo”, junto com a organização de pesquisas americanas, Poynter Institute. Dessa forma, foi aplicado um questionário para 347 pessoas, todas com mais de 60 anos, contendo diversas técnicas para identificar uma informação falsa: “Precisamos fazer algo, não podemos deixar de oferecer oficinas e melhores condições para as pessoas entenderem se a informação é verdadeira ou falsa”. 

Fortalecendo a educação para as mídias

A Poynter Institute realizou um levantamento identificando que quatro em cada dez brasileiros recebem fake news diariamente. A pesquisa foi realizada com mais de mil participantes e, dessa forma, os jovens são os mais propensos a assumir o envio.

Nesse sentido, a Prof.ª Mônica acredita que a educação midiática deve ser conduzida durante a formação escolar, em várias disciplinas: “deve ser dentro da educação formal, com políticas públicas e, a partir disso, adquirir disciplinas nos cursos de graduação”. Sendo assim, a juventude compreende o processo ao produzir informação, entendendo as regras da comunicação. 

Além disso, o jornalista Matheus Cestari enfatizou que as iniciativas de educação midiática devem treinar os professores, para que eles possam entender as relações de contexto: “a política pública deve ser direcionada para cada região, de escola a escola”. Portanto, a união da comunicação e educação é um campo em construção, com diversos desafios que surgem conforme o desenvolvimento tecnológico e social.  

Em ocasião da 1ª Semana Brasileira de Educação Midiática, motivada pela Secom (Secretaria de Educação Social) em parceria com o MEC (Ministério da Educação), e buscando promover a discussão sobre novas perspectivas em relação à pesquisa e práticas de comunicação e educação midiática, o Centro Interdisciplinar de Pesquisa (CIP) da Faculdade Cásper Líbero realizou a roda de conversa “Comunicação e Educação – Olhares e práticas em construção”, via YouTube da Cásper. Confira abaixo: