9h30 da manhã: bolo, pão de queijo, canjica feita em casa. Parece um daqueles encontros na casa da avó, regados a boa conversa e quitutes deliciosos, mas esse é, na verdade, mais um encontro do Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura do Ouvir (GP). O abraço apertado de boas vindas do professor José Eugênio de Oliveira Menezes – coordenador do grupo e docente no Mestrado e na Graduação da Cásper – faz parte da tradição e é o primeiro passo nesse ambiente cheio de vínculos, que transformam os encontros de sábado num acontecimento que reúne não menos que 15 pessoas. O GP – que teve início em 2008 com o apoio das professoras Júlia Lúcia de Oliveira e Roseli Trevisan e outros(as) mestrandos(as) daquele ano – acumula conquistas como a publicação do livro Comunicação e Cultura do Ouvir (2012), a organização de seminários como o ComCult (2015 e 2018) e a participação em importantes eventos nacionais e internacionais.
O professor Eugênio, homem do interior, mantém presente os melhores valores de sua origem e isso reflete no grupo. A atmosfera carinhosa aparece não só na relação entre os integrantes, mas no respeito e interesse pela fala de todos – sejam doutores ou os alunos da graduação que passaram a integrar o grupo em agosto deste ano. Esses, participantes do CIP (Centro Interdisciplinar de Pesquisa), veem na possibilidade de apresentar seus trabalhos uma oportunidade enriquecedora de troca com os colegas. Gustavo Maganha, aluno do 2º ano de Jornalismo, conta sobre sua primeira impressão do GP: “As discussões, mesmo sobre conteúdos que já conhecia, me fizeram ver como preciso estudar e talvez por isso mesmo, tenha falado pouco…na verdade estava absorvendo as reflexões e lidando com um milhão de ideias na cabeça”. Mariana Guarnieri, do 2º ano de Relações Públicas, completa: “São páginas e páginas de anotações”.
Júlia Lúcia de Oliveira, professora da UNISA, aponta a importância do GP para a análise dos fenômenos da Comunicação, utilizando teóricos caros à linha de pesquisa em um ambiente de troca: “Pra mim, pesquisa é compartilhar conhecimento, construir conhecimento de forma colaborativa e o GP é esse espaço que gera novas associações, novas leituras sobre os fenômenos que nos cercam, sistematizando estudos e complexificando o conhecimento”. Para a professora, há sempre uma nova perspectiva sobre o objeto que pode engrandecer a pesquisa de alguém. Roseli Trevisan, professora da FMU e egressa do mestrado da Cásper Líbero, corrobora essa percepção, pois vê a possibilidade de troca, de ouvir e ser ouvido como o ápice do encontro, como uma fonte de inspiração. Como pesquisadora, considera o GP um porto seguro, um ambiente acolhedor e propositivo para a troca de experiências e conhecimentos, fomentado sobretudo pelo Professor Eugênio.
Christiano Blota, Mestre pela Cásper Líbero, tem um olhar bastante poético sobre a maneira que o GP analisa a Comunicação, ao mesmo tempo que oferece algumas pistas dos assuntos discutidos: “No mundo competitivo que vivemos, trabalho, metas e dinheiro nos ensurdecem. O imediatismo imposto pela vida sacrificou símbolos geradores de vínculo e pertencimento. Deixamos de ouvir o som que pode melhorar a comunicação e até o bem-estar de uma sociedade doente e depressiva. No Cultura do Ouvir, grupo formado pela sonoridade que envolve o corpo, prestamos atenção a assuntos esquecidos, prestamos atenção a fatos que não temos tempo de pensar, discutir, refletir”.
Os vínculos são protagonistas no GP, seja em como se dão os encontros e as relações ou no próprio conteúdo de pesquisa, que se volta ao estudo da comunicação como sistema de vinculação social e privilegia a cultura do ouvir para compreensão da comunicação a partir do corpo e de seus sentidos.