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Edição nº 7 – 2018

Torneio de Magic: The Gathering na Terra Magic. Crédito: Divulgação.

Na zona sul paulistana, no bairro do Cambuci, está localizada a Terra Magic, loja geek onde se encontram à venda jogos de carta colecionáveis e mangás. Pouco mais de dez pessoas estão ali em uma quinta-feira à noite, participando de um torneio do jogo Magic: The Gathering, que ocorre semanalmente. O MTG existe há mais de vinte anos e contava, em 2014, com mais de 20 milhões de jogadores em todo o mundo, segundo nota do EchoMTG, empresa que distribui e comercializa um software especializado nas coleções lançadas de Magic.

A Terra Magic é uma das dezenas de lojas existentes na grande São Paulo, que além de comercializarem seus produtos transformaram-se em espaços de convivência para os admiradores da cultura geek. A venda de mangás e de quadrinhos também é uma atividade muito comum no segmento. A divulgação dessas lojas se faz tanto pelo boca-a-boca como pelas páginas do Facebook e comunidades online, conforme afirma Alessandro Li, atendente da New Station São Paulo. “Anúncios feitos em revistas e sites não compensam, não surtem muito efeito”. A loja é uma filial recente da New Station de Sorocaba, no interior de São Paulo, que existe desde 1995.

Os torneios podem ser tanto competitivos como de lazer, em que as premiações são em boosters, pacotes de cartas sortidas dos jogos.  A opção por diversão atrai muitos dos chamados jogadores casuais, como é o caso de Juan Nogueira, de 18 anos, que frequenta o Terra Magic de quatro a cinco vezes por mês. “Venho não só pelos campeonatos, mas porque o pessoal aqui é amigável. Todos conversam, brincam, ajudam a montar um baralho. Se você está com a cabeça cheia, vem aqui pra se divertir e não entra em estresse”, afirma o estudante.

No caso do analista de sistemas Pedro Vasquez, de 29 anos, o motivo de frequentar a loja duas vezes por semana foi o reencontro com amigos de infância e a amizade que acabou fazendo com os jogadores do próprio local. “O horário da quinta-feira, por exemplo, já é sagrado”, afirma Pedro, que frequenta também outras lojas para participar de competições.

As peculiaridades de cada loja influenciam as escolhas dos jogadores. Alessandro Li cita a localização como um ponto forte. “Estar perto de uma estação de metrô é a coisa mais importante. Não adianta ter uma loja grande, se não for perto do metrô.” Mas o ambiente também é determinante, conforme afirma Lucas Massato, estudante de letras de 25 anos. “Existem lojas onde não há um clima amigável, e os caras só querem passar a perna em você com troca de cards. Isso desanima, ainda mais para os novatos, porque a gente quando começa a jogar não sabe o valor das cartas e quais são aquelas mais raras”.

Jogadores casuais são a parcela significativa dos frequentadores, mas há também curiosos e colecionadores. Bruno Moriwaki se encaixa nessa última categoria. Colecionador de cartas de Magic e Yu-Gi-Oh!, Bruno também compra mangás, quadrinhos e objetos da série Star Wars, por exemplo.  Apesar das vendas online, ele prefere comprar tudo presencialmente. “A diferença nos valores você acaba pagando no frete, que é absurdo. Mangá é pesado, quadrinho é pesado, o frete vai pra 20, 30 reais. Ou seja, cadê o desconto? Além disso, na loja você vê o estado do mangá, enquanto, na venda online, ele pode vir rasgado, amassado”.

Jogos de tabuleiro também atraem bastante interessados, inclusive o público feminino. Entretanto, por exigirem determinado tempo e um número mínimo de jogadores, eles se restringem mais aos fins de semana. “É um público que vem crescendo, mas está restrito a um nicho específico ainda. Quando se fala em jogo de tabuleiro, todo mundo pensa em dama e ludo, mas há muitos mais deles. O problema é que eles são caros, e muita gente não quer gastar cento e poucos reais em um jogo. Aí as empresas ficam com receio lançá-los no mercado”, afirma Lucas Massato.

Alessandro Li estima que nos card games a proporção é de uma jogadora mulher para cinquenta jogadores homens, enquanto nos jogos de tabuleiro a relação é de uma para oito, respectivamente. Pergunto se existe uma categoria de produto mais popular entre o público feminino, e a resposta é o mangá. “Eu diria que tem um público maior feminino do que masculino, se bobear”.

Frequentadores da New Station. Crédito: Divulgação.