logo_arruaça

Edição nº zero – 2013

Nasci em uma cidade onde a comida é sinônimo de cultura. Belém tem sabores surpreendentes. Não se fala da cidade sem falar em tucupi, jambú, tacacá e açaí. Cresci sabendo que comer bem é sagrado e que o ato de sentar em uma mesa e apreciar cada quitute alí servido é um dos maiores prazeres do ser humano. E então fiz uma loucura: mudei-me para São Paulo.

Conheci São Paulo comendo. Por conta da saudade que sentia das comidas do Pará, comecei a procurar lugares que pudessem amenizar pelo menos um pouquinho toda a abstinência que eu sofria logo no começo da inesperada mudança. Descobri então, a feirinha da Benedito Calixto. Foi mágico. Sentei num banquinho, pedi um suco de graviola e na primeira garfada no risoto paraense, me senti em casa. E depois dessa experiência, entendi que podia explorar São Paulo de um jeito barato, delicioso e surpreendente!

Talvez por namorar um cozinheiro e achar que a cozinha é o melhor lugar da casa, me aprofundei no assunto comida. Na verdade, no assunto comida de rua. É sabido que São Paulo reúne os melhores restaurantes do Brasil, hospedando o chef mais famoso do país, Alex Atala, e também oferecendo uma diversificação de opções que só uma metrópole pode dispor. Ok, mas alguém aqui sabe o que tem nas esquinas mais simples da cidade?

Além dos famosos cachorros-quentes paulistanos, São Paulo tem os chineses. É só descer na estação Liberdade, em um domingo qualquer, para entender do que eu estou falando. Além dos artigos asiáticos, o bairro da Liberdade cheira shoyu, yakissoba ou molho teriyaki. É impressionante a quantidade de barraquinhas de rua que vendem comida. Seja em um recipiente de isopor, ou na boa marmita de alumínio. Arrisco dizer que não há lugar melhor do Brasil para experimentar a gastronomia asiática, pura e verdadeira, como a Liberdade.

O preço camarada e a boa qualidade da comida são os pontos que me movem a conhecer São Paulo comendo. Não faz muito tempo, fui até a feira da Kantuta, no desconhecido bairro do Pari. Lá é possível encontrar vários bolivianos que, ao mesmo tempo em que matam a saudade da cultura do país, servem comidinhas saborosas e típicas da região. É possível encontrar o famoso anticucho (coração de boi no espetinho) e as tradicionais salteñas (pastel boliviano feito com uma massa especial e recheado de sopa de carne).

Há também uma opção mais democrática. Para aqueles que são mais ecléticos, a feira da Praça da República oferece todo tipo de comida: são servidos pastéis, tempurá, massas, yakissoba, doces e todos os tipos de guloseimas. O interessante dessa feirinha é que é possível encontrar também artesanatos em geral. Existem vários expositores que comercializam seus produtos.

As feirinhas in door

Conheço duas feirinhas gastronômicas “in door” em São Paulo. Uma se chama “O Mercado”. É organizada pelo chef Henrique Fogaça (do exótico Sal) e pelo boliviano Checo Gonzáles. A ideia é apresentar uma versão pocket dos pratos que são servidos nos restaurantes mais caros de São Paulo. O D.O.M, de Alex Atala, por exemplo, já participou de alguns edições do evento. Vários chefs renomados participam e servem pratos e/ou lanches por um precinho imperdível: o custo máximo é de R$20,00. É possível comer ceviche e nhoque da melhor qualidade sem gastar muito.

A outra é a Feirinha Gastronômica que, em sua última edição aconteceu em uma pequena galeria na praça Benedito Calixto. Com uma linha mais aberta, a feira dá espaço aos novos chefs que disputam um lugar ao Sol. É claro que há também aqueles que já são reconhecidos no mercado, como Rapahel Despirite (do Marcel) e Diego Lozano (escola de confeitaria Diego Lozano). A feirinha segue a mesma proposta da anterior: pratos baratos e bem preparados. As duas são eventos itinerantes e ocorrem sem uma freqüência estabelecida.

Os food trucks

Os Food Trucks são uma tendência mundial. O movimento nasceu nos Estados Unidos quando os donos de restaurantes faliram durante a crise financeira e tiveram que procurar alguma forma de continuar a trabalhar. Então construíram cozinhas dentro dos tradicionais trailers norte americanos. Os food trucks são extremamente populares, já que atendem rapidamente aos clientes, servem comidas cada vez mais gourmets e por um preço justo.

Aqui no Brasil o movimento ainda é tímido, mas já existem alguns exemplos em São Paulo. Rolando Massinha é uma Kombi completamente equipada, onde são vendidas massas acompanhadas por pão italiano para fazer aquela deliciosa mistura com o molho mais que secreto, desenvolvido pelo chef Vanucci. Há também outra Kombi a ser visitada: o Dog do Betão. O lanche servido nesse pequenino food truck é incrivelmente grande, com direito a salsicha dupla ou hot-dog para comer no prato. O mais novo, e sofisticado food truck chama-se “Jamenson Food Truck” e é comandado pelo chef André Mifamo (do Vito).
A proposta é servir diferentes tipos de hambúrguer e pratos variados.

Mas é permitido vender lanches nas ruas de São Paulo?

Em novembro de 2013 foi aprovado na Câmara Municipal de São Paulo um projeto que regulamenta a venda de comida de rua na cidade. Agora salgadinhos, hambúrgueres, acarajés, tapiocas e churros, por exemplo, poderão ser vendidos desde que aprovados por uma comissão que será criada em cada uma das subprefeituras. A intenção é propagar cada vez mais a ideia de comida de rua faz parte da cultura da cidade, criando espaços livres e de fácil acesso.

 

Artigos

[mini cat=”artigos-arruaca” n=2 excerpt=”show” thumbs=”true”]

Crônicas

[mini cat=”cronicas-arruaca” n=2 excerpt=”show” thumbs=”true”]

Relacionados

[mini cat=”revistas” n=2 excerpt=”show” thumbs=”true”]