Confira abaixo a matéria completa sobre “10 conselhos dos funcionários para o CEO“, publicada no blog Love Mondays – uma plataforma online que, desde 2013, reúne resenhas anônimas de funcionários sobre as empresas em que trabalham – com a participação da professora Viviane Mansi.


Que conselho você daria ao CEO da empresa em que trabalha? Essa é uma das perguntas encontradas por quem avalia uma empresa no Love Mondays.

Para saber o que essas pessoas gostariam de dizer aos CEOs, avaliamos os mais de seis mil depoimentos publicados no site e elaboramos um ranking com os temas que mais se repetem. Também convidamos duas pessoas que dedicam boa parte de seu tempo ao estudo e à prática da comunicação de liderança dentro das organizações para avaliar essa lista: Fabio Betti, sócio e consultor da Corall e colunista do blog Gestão Fora da Caixa, da Exame; e Viviane Mansi, professora da Faculdade Cásper Líbero, pesquisadora e executiva numa multinacional brasileira.

10 conselhos dos funcionários para o CEO

  • Mais reconhecimento
  • Melhorar comunicação com funcionários
  • Melhorar salário
  • Saber o que está acontecendo
  • Melhorar processos, sistemas e ferramentas
  • Implementar ou melhorar plano de carreira
  • Melhorar gerenciamento da empresa
  • Melhorar liderança e gerentes
  • Mais oportunidades de aprendizado
  • Melhorar benefícios corporativos

Para Viviane, o que mais chama a atenção na lista são os itens que não estão ligados à carreira, salário e benefícios. “Eles demonstram que os funcionários têm outras expectativas, mais imateriais, ligadas a sua jornada numa empresa. Conselhos como melhorar a comunicação com funcionários e melhorar liderança e gerentes nos dão uma pista de que a qualidade da relação que criamos dentro da empresa importa e que queremos ser envolvidos nas decisões da empresa”. Também chama a atenção de Fabio o tema salário aparecer depois de reconhecimento. “É uma ótima notícia para um CEO que deseja provocar um impacto rápido na organização porque, enquanto salário não está 100% nas mãos de um CEO, ele ou ela tem muita autonomia sobre os outros dois”

Entre os conselhos, “saber o que está acontecendo” aparece na quarta posição e dá a entender que os funcionários sentem que o comando máximo não sabe o que realmente acontece na organização. Por quê?

Para Fabio, essa impressão tem a ver com certo isolamento dos CEOs no que ele chama de “torre do castelo”, lugar em que a informação chega tão filtrada que ele perde totalmente o senso da realidade. Viviane concorda. “A posição de CEO costuma ser muito solitária. Tudo chega com muito filtro, às vezes com a melhor das boas intenções. Culturalmente queremos a presença do CEO entre nós para dar a sensação de que estamos todos no mesmo barco. Quando ele não está junto, pode ser percebido como alguém aquém do entendimento das necessidades da empresa e dos empregados e, além disso, sem conhecimento de comportamentos dos seus reportes diretos que se contraponham aos grandes objetivos da empresa ou seus valores”.

Como sugestão para mudar esse cenário, Fábio sugere o bom e velho cara a cara: “É preciso andar pela organização, conversando com gente de todos os níveis e áreas, para ter uma dimensão mais realista do que está se passando, ao mesmo tempo em que se tem a oportunidade de transmitir diretamente as mensagens que se deseja, checando o impacto na hora”.

E se um CEO abordasse Fabio e Viviane com a lista acima, pedindo ajuda para lidar com essas demandas? Por onde ele poderia começar?

“Eu sugeriria que ele começasse pelos itens que podem ser implementados rapidamente e não requerem grandes somas de dinheiro. Reconhecer as pessoas, por exemplo, não precisa, necessariamente, de grandes volumes financeiros”, diz Viviane, reforçando que a base é abrir espaço na agenda para estar com as pessoas. “Ter tempo para as pessoas é um baita reconhecimento de quanto elas são importantes. E, claro, isso não vale somente para CEOs. Ter tempo na agenda é uma obrigação de todo líder e, se isso acontece, meu palpite é que os outros conselhos que aparecem na lista vão sendo naturalmente resolvidos, pois a gestão encontra facilmente onde estão as pedras no sapato, as travas dos processos e conta com os insights dos funcionários para resolvê-los de uma forma eficaz. A escuta e o diálogo, seguidos de uma ação planejada, provocam verdadeiros milagres na gestão das organizações”.

Para Fabio, mais importante do que definir por onde começar é simplesmente começar e fazer algo que sinalize uma mudança. “Nesse aspecto, eu diria para ele: comece pelo mais simples ou por aquilo que ele tem mais energia para fazer. Uma vez dado o primeiro passo e percebendo os bons resultados, será bem mais fácil seguir caminhando”.