A partir dos anos 1970, quando as emissoras de TV começaram a perceber que a figura do repórter aumentava a audiência dos telejornais, a imagem pessoal de muitos desses profissionais passou a ser sistematicamente explorada, tornando as matérias mais atraentes sob esse ponto de vista. Passado meio século, em plena era das celebridades, não se pode permitir, entretanto, que a pessoa do repórter seja mais importante do que a própria informação que ele pretende veicular. Alguns críticos falam até mesmo que estamos vivendo o advento do “repórter-ator”, que, em alguns casos, acaba exagerando demais e não convencendo ninguém.
Hoje em dia, em um mundo ditado pela profusão das imagens, nada escapa aos olhos do público, que automaticamente se dirige às redes sociais para comentar determinado comportamento. A imagem descontraída de muitos repórteres de TV advém das redes sociais, onde se revelam os bastidores da notícia e os profissionais da comunicação se apresentam como “gente como a gente”.
As mídias sociais pressionam o mundo da comunicação criando um padrão de linguagem que muitas vezes é incoerente, já que o tratamento da informação jornalística deve privar de certa formalidade, ao passo que a linguagem das redes é, naturalmente, mais informal. Outra questão diz respeito aos perigos que a superexposição pessoal do jornalista pode acarretar, descaracterizando seu trabalho.
Em tempos de concorrência com as redes sociais, o repórter de televisão deve, sim, criar estratégias para cativar a audiência, pensando que nem todos os que estão conectados às grandes plataformas são os mesmos telespectadores que esperam, por exemplo, o “boa tarde” no telejornal vespertino. Ele é quase uma pessoa da família para muitos e deve estar consciente disso, mas sem perder a seriedade e, acima de tudo, o compromisso com a informação que é a essência do seu trabalho.