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Edição nº 1 – 2014

Em um domingo qualquer, dentre tantos em que pessoas comuns optam por não fazer nada além de acordar tarde e debater sobre o costumeiro e alongado almoço em família, existe um pequeno grupo que tem uma rotina bem diferente. Acordar cedo (muitas vezes é realmente muito cedo), fazer uma refeição mais leve e rápida, arrumar malas, dirigir alguns quilômetros e passar seu tempo dentro do diamante.

Isso acontece em diversos locais, em muitos clubes e tantas agremiações, mas o principal deles está localizado na zona norte de São Paulo, no estádio Mie Nishi, situado no tranquilo bairro do Bom Retiro. Ladeado pela movimentada marginal Tietê, vizinho da quadra da escola de samba Gaviões da Fiel, em frente aos pavilhões do Anhembi, e alguns outros tantos pontos de referência.

O estádio do Bom Retiro, como é normalmente chamado, é o único estádio público para prática de baseball no estado de São Paulo. Todos os outros são mantidos por agremiações e clubes.
E assim, ziguezagueando para fugir do trânsito da cidade de São Paulo e conseguir achar uma vaga para estacionar no próprio local, as famílias vão chegando, entre o barulho das crianças e as animadas conversas dos jogadores.

Todos seguem um pequeno ritual comum. Em uma mesa, que em geral são longas tábuas de madeira sustentada por cavaletes, as pessoas começam a juntar pequenos potes, garrafas térmicas e galões de água. O conteúdo de cada um desses potes é variado: pães recheados, salgadinhos, bolos, tortas, salsicha com molho etc. Pais, mães, namoradas e coordenadores correm para preparar jarras de sucos. Alguns já levam chá e café.

Após essa “reunião”, os jogadores vão para o campo e os familiares e acompanhantes, para a arquibancada. Batians (avôs) e ditians (avós) se acomodam em cadeiras de praia. Os mais idosos se protegem com cobertores nas pernas, um moletom de lã. No caso dos ditians, eles usam boné de um time do Nihon* para proteger a cabeça. Já as batians usam lenços ou chapéus. As crianças em geral não prestam muita atenção no jogo dos adultos. Estão lá mais para brincar com seus amigos. Para os adolescentes e ex-jogadores que estão na torcida, o barulho é uma marca registrada. Eles levam panelas, tambores e duas hastes de plástico que, quando batem, fazem um barulho bem alto. Alguns não levam nenhum instrumento extra e usam o bom e velho grito: “Gambatte” (algo como “Faça o seu melhor!”, “Força!” ou “Boa sorte!”).

Entre as entradas da partida, existe outro costume, o costume alimentício. Cada grupo, em geral, tem um isopor grande, carregado com bebidas e comidas. Não é difícil aparecer alguém carregando uma grande travessa com sushis e sashimis, tempuras e oniguiris.

Para quem não conhece o jogo, o baseball é disputado entre duas equipes de nove jogadores que se alternam entre ataque e defesa. O revezamento se dá quando três jogadores do ataque são eliminados, e um ponto só é marcado após o jogador correr as quatro bases. O campo tem formato de um quarto de círculo ou de um diamante.

Os principais equipamentos são o bastão, que pesa entre 850g a 1kg, tem tamanho máximo de 1,06m e 81,3cm de diâmetro. A luva varia de tamanho e formato conforme a posição de cada atleta. Seu tamanho é dado em polegadas, variando entre 12.5 para crianças e 11.25 para atletas profissionais. A bola tem circunferência de 25cm e pesa exatamente 142g (mais de 600 mil bolas são fabricadas por ano). O receptor utiliza diversos materiais de proteção, como a máscara, a peiteira, as caneleiras e a saqueira.

No campo existe uma linguagem própria, criada a partir do inglês e falada com o sotaque dos japoneses, que começaram a praticar esse esporte na época das grandes guerras. Glove (luva) é chamada de globo; bat (bastão) de bata, spike (chuteira com crava de ferro) de spiko…

Ao fim dos jogos, todos se reúnem nos arredores do campo e conversam sobre os lances. Tudo que aconteceu no campo, brigas, confusões, reclamações, fica para trás. Naquele momento eles estão ali para descontrair e poder aproveitar a companhia de amigos de outros times e dos que já pararam de jogar.

Os principais clubes do circuito nacional estão localizados no estado de São Paulo, entre eles, o Nippon Blue Jays, o Atibaia, o Anhanguera e o Gecebs. No interior paulista os times são fortes até a categoria júnior, porque depois disso muitos bons atletas se mudam para São Paulo para estudar, enfraquecendo suas equipes.
No baseball brasileiro, 70% dos praticantes têm descendência japonesa. Sendo assim, os costumes, a linguagem e a alimentação são predominantemente orientais.

Originário dos Estados Unidos, o baseball se espalhou pelo mundo por meio da bases militares norte-americanas, chegando ao Brasil com a imigração japonesa em meados de 1920. Inicialmente, o esporte foi praticado no interior paulista e paranaense, nas grandes plantações de café, mas com o tempo foi mudando para os grandes centros.

Hoje em dia, a maior concentração do esporte está localizada na cidade de São Paulo e algumas cidades ao redor. No Paraná alguns poucos times sobrevivem, mas a cada dia tem diminuído o número de times e de praticantes. Em outras regiões, algumas federações estão se organizando, como no caso do Rio de Janeiro, Florianópolis e Rio Grande do Sul

O que dificulta a prática do esporte é o fato de todos os materiais serem importados, o que os torna muito caros. Além disso, é necessária uma área muito grande (algo em torno de um hectare) para instalar um campo de baseball.

Os principais países exportadores de jogadores de baseball são o Japão, a Coreia do Norte, a Venezuela, Cuba, a República Dominicana, o México e Porto Rico.

A maior conquista do baseball brasileiro ocorreu no WBC (World Baseball Classic), quando a seleção do País deixou o Panamá para trás, a seleção favorita, conquistando a vaga para a segunda fase do torneio no Japão. Apesar da classificação auspiciosa, o Brasil não conseguiu voltar a vencer e ficou de fora da fase final, que aconteceu nos Estados Unidos.
 

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